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Tríptico da Descida da Cruz
Atribuído a Gérard David
Painel Central: Descida da Cruz
Volante direito: São Bernardino de Siena e o Doador (anverso)
(reverso a grisalha cinzenta: Santa Luzia)
Volante esquerdo: São Tiago Maior e a Doadora (anverso)
(reverso a grisalha cinzenta: São Tiago Menor)
Cerca de 1518-1527
Pintura a óleo sobre madeira de carvalho
Alt. 204 x larg. 125 cm (largura dos volantes 55 cm)
MASF 20


Conjunto pictórico redescoberto em 1915 na Igreja do Santo da Serra, na ilha da Madeira, depois adquirido por Américo Olavo e restaurado em Lisboa por Luciano Freire. Foi vendido mais tarde ao antiquário Adolphe Weiss, de Viena de Áustria, e novamente intervencionado. Foi adquirido pelo estado português em 1954, e depois exposto no Museu Nacional de Arte Antiga, de onde transitou para o Museu de Arte Sacra do Funchal.
Deve ter por origem provável o convento franciscano de Nossa Senhora da Piedade em Santa Cruz, hoje desaparecido. Instituído por disposição testamentária de Urbano Lomelino, radicado na Madeira desde 1470 e executado por seu sobrinho Jorge Lomelino, cerca de 1527, em dimensões muito maiores que as inicialmente pensadas. Assim, os doadores representados devem ser Jorge Lomelino e Maria Adão. Apresenta-se o episódio do Descimento, em que o corpo do Salvador está a ser despregado da Cruz. Nicodemos retira com uma turquês o braço direito de Cristo, enquanto José de Arimateia segura o tronco e João as Suas pernas. De pé Maria, Sua mãe, espera a descida do corpo, enquanto Maria Madalena, ajoelhada, adora o Senhor de mãos postas. No fundo representa-se uma visão fantasista de Jerusalém, transfigurada em cidade flamenga do fim da Idade Média. Num volante Maria Adão, ajoelhada, é apresentada por São Tiago Maior, identificado pelo bordão e chapéu de peregrino. No reverso, em grisalha, São Tiago Menor, em vestes episcopais, com o pente de cardador como atributo. No volante oposto, Jorge Lomelino é apresentado por São Bernardino de Siena, identificado pelo trigrama IHS, símbolo do nome de Jesus. No reverso, em grisalha, Santa Luzia.
Foi atribuído por Max Friedlander a Gerard David1, autoria depois confirmada por outros.
Gérard David nasceu entre 1450-60 em Oudewater na actual Holanda, tendo-se registado em Bruges como mestre pintor em 1484. Inscreveu-se em 1515 na guilda de Antuérpia. Morreu em Bruges em 1523. O artista recupera uma tradição flamenga quatrocentista, de Jean van Eyck, fazendo do espaço, e sobretudo do horizonte baixo, uma experiência comum aos fiéis observadores e às próprias personagens representadas, como é o caso de outras obras atribuídas a Gérard David, caso do Tríptico Sédano do Museu do Louvre, ou o Tríptico do Baptismo de Cristo do Museu Groninge de Bruges. Veja-se ainda a proximidade do rosto da Virgem, com a Pietá do Museu do Hermitage.
Poderemos afirmar que a obra pertencerá ao último ciclo do artista, encomendada depois de 1518. Como Gérard David morre em 1523, a obra deve ter sido acabada pelos seus seguidores.

1 Arte Flamenga, Museu de Arte Sacra do Funchal, Luiza Clode e Fernando António Baptista Pereira, EDICARTE, 1997, p. 44.

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Créditos  |  Última actualização: 1 Fevereiro 2012